Projeto artístico Quadros por Quadra
O projeto compreende diferentes mídias. A pintura sobre tela é o elemento comum entre as obras de cada integrante do coletivo, sendo que gravações de vídeos e fotografia delineiam e participam da construção pictórica, e, sua edição final torna-se elemento compositivo da obra, extensão sonora e de movimento da imagem-pintura e a liga a um espaço real recortado no mapa: o ponto de partida de cada projeto.
A exposição realizada entre outubro e dezembro de 2009, no Memorial do Rio Grande do Sul, com o apoio da 2ª Bienal B estreou a idéia do coletivo de esquadrinhar áreas da cidade.
Na terceira edição da Bienal B, em 2010, Quadros por Quadra teve o Instituto NT de Cinema e Cultura como anfitrião, a artista plástica Maria Clara La Porta e Rafael Camargo como convidados.
Quadros por Quadra é um projeto pulsante, dinâmico e único.
A exposição realizada entre outubro e dezembro de 2009, no Memorial do Rio Grande do Sul, com o apoio da 2ª Bienal B estreou a idéia do coletivo de esquadrinhar áreas da cidade.
Na terceira edição da Bienal B, em 2010, Quadros por Quadra teve o Instituto NT de Cinema e Cultura como anfitrião, a artista plástica Maria Clara La Porta e Rafael Camargo como convidados.
Quadros por Quadra é um projeto pulsante, dinâmico e único.
29 setembro 2009
24 setembro 2009
Há Um Mês da Abertura de Quadros por Quadra
Fernanda, Denise e Maria Alice com o artista plástico e professor
Renato Heuser na Pinacoteca Barão de Santo Ângelo, durante o Seminário "Pintura em Questão". Atividade integrante da exposição TOTAL PRESENÇA/PINTURA, que expõe o acervo da
Renato Heuser na Pinacoteca Barão de Santo Ângelo, durante o Seminário "Pintura em Questão". Atividade integrante da exposição TOTAL PRESENÇA/PINTURA, que expõe o acervo da
Pinacoteca do Instituto de Artes/UFRGS.
13 setembro 2009
12 setembro 2009
A PRAÇA DA ALFÂNDEGA E SEUS TIPOS HUMANOS
Quadros por Quadra quer fazer um pequeno recorte, no entorno da praça da Alfândega, para mostrar alguns de seus personagens vistos pelo olhar de cada uma das cinco artistas através da pintura, cujas composições estão sendo construídas a partir de enquadramentos fotográficos e/ou ações congeladas por suas câmeras. Também está sendo editado um vídeo que permanecerá no local da exposição durante todo o período desta. Desde o mês de julho até o momento estas filmagens vêm sendo realizadas na praça com o intuito de registrar o dia-a-dia deste universo, com seus moradores e trabalhadores.
Na Rua da Praia, somente entre a Gal. Câmara e a Caldas Júnior, já se pode observar tipos humanos, os mais diversos – assim também no interior da praça, porém, atuando em um ritmo e atmosfera completamente distintas. Na rua, a vendedora de pipocas que tricoteia enquanto aguarda clientes, o retratista que expõe ícones do cinema e da televisão, o movimento intenso de papeleiros puxando suas carretas, a vendedora de cds de cantos de pássaros que enchem o ar de melodias confundido os desatentos. Esta melodia, numa das manhãs de agosto, era constantemente entrecortada pelo som de uma britadeira operada por um trabalhador escondido por detrás de um cercado ao redor do monumento ao General Osório, o trabalhador só pôde ser vislumbrado através de pequenos orifícios na parede de compensado.
Ainda na parte mais movimentada da praça, no vai-e-vem dos transeuntes na paisagem urbana que se perde na subida do calçadão encontramos material para um de nossos trabalhos.
Seguindo pelo interior da praça encontramos os engraxates e os jogadores de damas; e nos brinquedos, duas crianças caingangues se divertiam em sua inocência, aparentemente alheias ao drama social de sua família e de sua própria comunidade indígena.
Cruzando a praça em diagonal, na direção da Sete de Setembro, direção mercado, um lado mais escuro e silencioso dela abriga um morador de rua ainda enrolado em seus cobertores puídos, como um homem-casulo, como a lagarta da borboleta que aguarda o sopro divino de uma vida liberta de sua condição miserável; esta visão está gerando outro dos trabalhos.
Adiante, em direção ao Memorial do RS, em um banco bem em frente ao prédio, outro homem dorme, mas sentado, as mãos como em oração, entre os joelhos. A seu lado, uma garrafa vazia. O boné encobre seu rosto cabisbaixo, ocultando sua identidade; e sua prostração é digna de pena, como o são os homens-casulo e as crianças de futuro incerto que brincam nos balanços. A condição do alcoólatra não deixa dúvidas, merece também uma reflexão.
Afora estes personagens que buscam na praça apenas um abrigo há ainda aqueles que fazem dela seu local de trabalho, como estátuas vivas, palhaços, garis e meretrizes, todos compartilhando o mesmo quarteirão. O olhar fugidio da mulher sentada em um banco, que usa um falso colar de brilhantes e maquiagem carregada não escapa a nossa câmera, é preciso trazer esta personagem, tão presente, para dentro desse nosso cenário em construção.
Contrastando com a malícia da mulher que aguarda seus clientes, encontramos saltitando logo adiante uma palhaça, vestida com muitas cores, uma garota-propaganda, legitimamente talentosa chamando a atenção de quem passava. Aí encontramos o elemento alegria, um ponto de equilíbrio para as imagens do conjunto.
Todos nós que cruzamos por esta área do centro de Porto Alegre, o fazemos em geral apressadamente; andar por ali com um novo olhar tem se mostrado uma experiência fascinante, transferir os sentimentos que advêm desta para nosso trabalho, um verdadeiro desafio.
Na Rua da Praia, somente entre a Gal. Câmara e a Caldas Júnior, já se pode observar tipos humanos, os mais diversos – assim também no interior da praça, porém, atuando em um ritmo e atmosfera completamente distintas. Na rua, a vendedora de pipocas que tricoteia enquanto aguarda clientes, o retratista que expõe ícones do cinema e da televisão, o movimento intenso de papeleiros puxando suas carretas, a vendedora de cds de cantos de pássaros que enchem o ar de melodias confundido os desatentos. Esta melodia, numa das manhãs de agosto, era constantemente entrecortada pelo som de uma britadeira operada por um trabalhador escondido por detrás de um cercado ao redor do monumento ao General Osório, o trabalhador só pôde ser vislumbrado através de pequenos orifícios na parede de compensado.
Ainda na parte mais movimentada da praça, no vai-e-vem dos transeuntes na paisagem urbana que se perde na subida do calçadão encontramos material para um de nossos trabalhos.
Seguindo pelo interior da praça encontramos os engraxates e os jogadores de damas; e nos brinquedos, duas crianças caingangues se divertiam em sua inocência, aparentemente alheias ao drama social de sua família e de sua própria comunidade indígena.
Cruzando a praça em diagonal, na direção da Sete de Setembro, direção mercado, um lado mais escuro e silencioso dela abriga um morador de rua ainda enrolado em seus cobertores puídos, como um homem-casulo, como a lagarta da borboleta que aguarda o sopro divino de uma vida liberta de sua condição miserável; esta visão está gerando outro dos trabalhos.
Adiante, em direção ao Memorial do RS, em um banco bem em frente ao prédio, outro homem dorme, mas sentado, as mãos como em oração, entre os joelhos. A seu lado, uma garrafa vazia. O boné encobre seu rosto cabisbaixo, ocultando sua identidade; e sua prostração é digna de pena, como o são os homens-casulo e as crianças de futuro incerto que brincam nos balanços. A condição do alcoólatra não deixa dúvidas, merece também uma reflexão.
Afora estes personagens que buscam na praça apenas um abrigo há ainda aqueles que fazem dela seu local de trabalho, como estátuas vivas, palhaços, garis e meretrizes, todos compartilhando o mesmo quarteirão. O olhar fugidio da mulher sentada em um banco, que usa um falso colar de brilhantes e maquiagem carregada não escapa a nossa câmera, é preciso trazer esta personagem, tão presente, para dentro desse nosso cenário em construção.
Contrastando com a malícia da mulher que aguarda seus clientes, encontramos saltitando logo adiante uma palhaça, vestida com muitas cores, uma garota-propaganda, legitimamente talentosa chamando a atenção de quem passava. Aí encontramos o elemento alegria, um ponto de equilíbrio para as imagens do conjunto.
Todos nós que cruzamos por esta área do centro de Porto Alegre, o fazemos em geral apressadamente; andar por ali com um novo olhar tem se mostrado uma experiência fascinante, transferir os sentimentos que advêm desta para nosso trabalho, um verdadeiro desafio.
Denise Spier
05 setembro 2009
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